A escravidão já foi considerada por Marx como um avanço na escala evolutiva das sociedades, visto que ela sucedeu os massacres ou sacrifícios humanos a que dominados eram submetidos. Desta forma, a escravidão foi uma inovação revolucionária. Entretanto, juridicamente hoje, já foi superada, mas ainda é uma prática que rende lucros a uma elite econômica, principalmente no Brasil.
No Brasil, legalmente, faz cento de dezesseis anos que a escravidão foi extinta do Estado Brasileiro. Porém, ainda é uma prática recorrente em todo o território nacional, abrangendo vários níveis sociais. Encontram-se envolvidos como executores desta prática macabra, fazendeiros, políticos, empresários, comerciantes e famílias. Ela é tão comum, que é difícil no decorrer de um dia, não presenciarmos uma cena de exploração servil.
Um exemplo, é no ambiente doméstico, famílias que têm algum poder de compra saem em busca de jovens do interior, ou mesmo nas periferias dos centros urbanos, que se encontram em situações de miseribilidade, para trazê-las e escravizá-las em suas residências em troca de comida, roupas e sapatos usados, descartados pelos integrantes da família, e algumas migalhas que lhes são dadas como um "agrado". Porém, elas passam mais de doze horas por dia, cuidando de todos os afazeres domésticos, que é um serviço cansativo, pesado, que requer grande atividade física. A pessoa nesta situação, se torna refém do jogo perverso que é envolvida emocionalmente. "Nós trouxemos fulano e estamos ajudando-a". "Você para nós é como se fosse da família". Tornando-se difícil fazer cobranças de direitos trabalhistas a pessoas tão boas, que tratam estas jovens como se fossem da família. Neste processo, concretiza-se o trabalho escravo no ambiente doméstico.
Agora também, o que define um escravo não é a sua cor, raça, mas o seu poder econômico. O agregado e o escravo que Machado de Assis tão bem retratou em seus romances e contos, a sua condição na rede social, nunca esteve tão em voga no espaço social brasileiro.
Os exploradores do trabalhador brasileiro, para driblarem a legislação, usam de um meio lingüístico, dando outras conotações para a escravidão. Pode-se afirmar que é ela é intensiva em todos os setores da sociedade, e rentosa para a elite brasileira. Com isto, burlam a legislação, a sociedade e os organismos internacionais. E infelizmente, todos somos coniventes com ela, tanto explorados quanto exploradores...
Um comentário:
"Nós trouxemos fulano e estamos ajudando-a"... Realmente ainda ouvimos coisa desse tipo. É melhor ser surdo do que ouvir isso. Belo post. beijo. Maria Cláudia
Postar um comentário