"Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor". João Guimarães Rosa

11 abril 2007

O PARASITISMO HUMANO

Retomo, depois de algum tempo sem postar, as minhas impressões sobre as pessoas, o mundo e os objetos que vinha registrando nesse espaço já há algum tempo.

Ultimamente venho tentando com grande esforço, por circunstâncias muito particulares, observar o comportamento de pessoas que tendem para um grau elevado daquilo que Machado de Assis, por meio do Bentinho, ao se referir injustamente à Capitu, chamou de “dissimulada” (encobrir, ocultar com astúcia; fingir; disfarçar).

Pessoas com esse perfil são extremamente meticulosas em suas decisões, pois não querem ceder nada daquilo que inicialmente planejaram como sendo o fim último de suas ações, sejam elas gerais ou específicas, buscando o mínimo de trabalho para si e explorando o máximo de outras pessoas. O pior defeito moral desse tipo de indivíduo, é que normalmente este fim último, só interessa a eles próprios. No senso comum, seriam designados como aqueles que são capazes de vender até a mãe em proveito próprio. Quando percebem alguma resistência para atingir o que almejam, dão voltas, feitos gatos rabugentos até conseguirem do outro o que eles desejam.

Uma descrição mais simplista, porém esclarecedora, sobre a forma e a tipologia dos seus comportamentos é o que a biologia definiu como parasitas (comensal), ou seja, organismo que vive à custa de outro (o hospedeiro); pessoa que vive à custa de outrem; que vive à custa alheia. Em alguns casos, o parasita suga toda a vitalidade do hospedeiro, inviabilizando a sua sobrevivência. Lembrando que o Bruxo de Cosme Velho, também explorou bastante esta conotação na descrição comportamental e psicológica de alguns de seus personagens.

No mais, espero que tenha estômago para sobreviver a essa espécie que vinha tentando evitar de maiores proximidades comigo, mas como em tudo sempre há um lado bom, posso aprender bastante, principalmente com as artimanhas efetuadas por esses organismos, para atingirem os objetivos habilmente premeditados.

Dica de leitura:

“Viana era um parasita consumado, cujo estômago tinha mais capacidade que preconceitos, menos sensibilidade que disposições. Não se suponha, porém, que a pobreza o obrigasse ao ofício; possuía alguma coisa que herdara da mãe, e conservara religiosamente intato, tendo até então vivido do rendimento de um emprego de que pedira demissão por motivo de dissidência com o seu chefe. Mas estes contrastes entre a fortuna e o caráter não são raros. Viana era um exemplo disso. Nasceu parasita como outros nascem anões. Era parasita por direito divino.” Ressurreição (Capítulo I: No dia de ano bom) por Machado de Assis

Um comentário:

Promotor de Justiça disse...

Excepcional. Parabéns!